Projeto arranca já em maio, com a primeira fase a decorrer junto à estação de tratamento, na unidade industrial, concluída essa fase, passará para a intervenção na parte do coletor, com prazo de execução de 60 dias e valor global de 50.000,00 euros
Foi celebrado ontem, dia 22 de abril, o Contrato Especial de Recolha de Efluentes entre os Serviços Municipalizado de Castelo Branco (SMCB) e a Unidade Industrial OVIGER, S.A., cujos termos da celebração foram aprovados em deliberação do Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados de 26/02/2024, com o objetivo de resolver, finalmente, os problemas ambientais que se arrastam há décadas, relacionados com a descarga dos efluentes da OVIGER na ribeira da Líria, como resultado do processo produtivo desta unidade industrial.
O valor global do investimento é de cerca de 50.000, 00 euros, parte comparticipado pela unidade industrial. Quanto à intervenção financeira, haverá lugar a essa primeira prestação de serviços que a Câmara Municipal, através dos SMCB, prestará ao Grupo Fortunna/Oviger sob encargo deste, que marcará a primeira fase de execução das obras, a iniciar já em maio. A primeira parte dos trabalhos será assim na OVIGER, a segunda parte terá lugar na área de lazer da ribeira da Líria, no passeio em que se ligará o coletor da OVIGER à Estação Elevatória de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), para permitir encaminhar essas águas que, nesse momento, deixarão de correr na ribeira, indo para a ETAR em Alcains, onde serão tratadas.
Na parte pública, a intervenção já será dos SMCB, contando com um prazo de execução expectável de 60 dias para as duas fases.
Este projeto começou em agosto de 2022, envolveu muitas entidades, muitas reuniões, tanto da parte da Águas do Vale do Tejo, que conta com a experiência da EPAL, quanto da Agência Portuguesa para o Ambiente (APA), quanto da OVIGER, bem como dos cidadãos, houve sempre vontade de dialogar e analisar a fundo. “Era um problema com décadas e tivemos alguma dificuldade em resolver, pode perceber-se pelo facto de termos começado em 2022 e só em 2024 estarmos a assinar este contrato, este tempo é elucidativo dos passos que demos e tivemos necessidade de desenvolver”, salientou o presidente da autarquia, Leopoldo Rodrigues, para quem se resolveu um problema ambiental, de saúde pública, da freguesia, mas, também, o era para a própria OVIGER. Adianta, ainda, que “os próximos passos serão já de concretização, pretendemos que as obras iniciem já, de modo que a solução encontrada entre o mais rapidamente em operacionalização, sabemos que a ribeira da Líria continua a ter outras questões que precisam de alteração, mas esta era a mais problemática e emergente, mais difícil de resolver”.
Presente esteve também Milena Santos, presidente da junta de freguesia de Alcains, e em desabafo para a comunidade aproveitou para dizer que “sabia que os problemas existiam, não sabia que tinham esta dimensão, daí que encontrar parceiros na Câmara Municipal e nos Serviços Municipalizados para os resolver foi fundamental, e agradecemos também à OVIGER por estar igualmente preocupada com as questões ambientais, uma vez que nunca se tratou de a afastar, porque as industrias fazem-nos falta, temos cá gente trabalhadora, até para continuarmos a ser uma vila em crescimento”.
Para André Araújo, Presidente do Conselho de Administração da OVIGER, garante que “da nossa parte, há todo o interesse em que este problema se resolva, vamos colaborar”.
Para dar um rosto à comunidade e suas preocupações, interveio, ainda, o Eng. Manuel Peralta, que nunca desistiu desta causa. “Esta semana vai comemorar-se o 25 de abril, estas comemorações devem ser concretizadas em algo que traga benefício para a comunidade, em vez de palavras, fazer ações concretas é o melhor modo de os portugueses se associarem a essa data. Esta situação da poluição na ribeira da Líria tem cinquenta anos, desde que a fábrica foi construída, cheguei a ver correr nela sangue, fiquei muito satisfeito ao ver uma empresa como a Fortunna, do norte do país, com grande capacidade para investir, em simultâneo, demonstrar uma grande preocupação com o ambiente, o facto de querer colocar não só a produção, mas também o ambiente, em primeiro lugar”.
Em emocionado reconhecimento a este Executivo, o Eng. Peralta, fez questão de destacar que “ando há vários anos nisto e, efetivamente, foi com este presidente que as coisas começaram a tomar uma forma eficiente, para as pessoas que estão aqui poderem fazer, também, a sua agricultura de subsistência, porque era uma pequena tragédia para quem vive da pequena subsistência nas hortas. Da Líria estas águas não só regam por aqui, elas vão para a Ocreza, da Ocreza para o Tejo e do Tejo para o mundo, agora correrá límpida e clara, como claro é o dia em que, em breve, comemoramos o 25 de abril, mas com ações”.
Este projeto é responsabilidade entidades, mas também dos cidadãos, enquanto legado para as gerações futuras. Iniciativa que o presidente da autarquia reforça recordando que “a presença e ao mesmo tempo a ação, permitiu-nos já ter, pelo menos, outras duas ações nesta vila. No centro cívico de Alcains, tivemos uma reunião com a presidente de junta e a senhora presidente da assembleia e também com a população, em que explicámos pela primeira vez aquilo que era o projeto do centro cívico, a forma como se iria desenvolver e, também, os impactes que teria sobre o território e sobre aqueles que nele vivem. Mais tarde, quando começámos a preparar o projeto para o centro de saúde de Alcains, após um estudo prévio, convidámos, mais uma vez, os alcainenses para participarem nas decisões, reunimos, apresentámos aquilo que eram os nossos projetos para o antigo ciclo preparatório e em que consistiria a intervenção relacionada com o centro de saúde, por que razão necessitamos deste centro de saúde em detrimento daquele que já existe, por outro lado, de que forma iriamos desenvolver as obras. Uma obra relativamente simples, envolve um conjunto de compromissos que são morosos, mas são também o futuro deste nosso território.”