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Queremos o caminho de ligação para o Tejo

22 ago, 2024

Teve lugar no dia 20 de agosto, no Centro de Apoio às Atividades da Natureza de Malpica do Tejo, a reunião de trabalho que juntou as principais entidades municipais portuguesas e espanholas, que reivindicam o direito de passagem pelos caminhos públicos de acesso ao Rio Tejo na parte em que este separa os Ayuntamientos de Santiago de Alcântara, Herrera de Alcântara e Cedillo, das Juntas de Freguesia de Monforte da Beira e de Malpica do Tejo, no concelho de Castelo Branco.

Examinada a linha fronteiriça, determinada pelo curso do Rio Tejo, foi elaborada Ata que regista que se verificou que as obras existentes nos terrenos nenhuma influência têm exercido sob o regime de águas, que as margens do Rio e as suas sinuosidades se mantêm as mesmas, que nenhumas infrações ou abusos se têm cometido e que em consequência disso, nenhuma denúncia se tem verificado por não existir facto que o motive.

Para o presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, foi uma oportunidade para estreitar laços de amizade, para além de reforçar laços institucionais que unem ambos territórios.

“São mais do que reivindicações, são direitos que temos. Um cidadão de Cedillo, de Herrera, de Santiago, de Malpica, Monforte ou de Castelo Branco, deve ter exatamente os mesmos direitos que o cidadão europeu de Bruxelas, de Paris ou de Estocolmo, porque todos fazemos parte de um mesmo território, de uma mesma organização. Não podemos ter, na União Europeia, cidadãos de primeira e cidadãos de segunda. Estamos em territórios de baixa densidade, em que temos muita terra, muita natureza, e pouca gente. O lado positivo disso é que podemos fazer da natureza nossa aliada, primeiro porque temos a oportunidade de preservar o nosso próprio habitat e de espécies raras, que já só aqui podem ser observadas, através de políticas de sustentabilidade ambiental, e depois porque ter muita natureza significa ter muitas oportunidades para promoção económica do território”, reforçou o presidente albicastrense, para quem não está apenas em causa o investimento público já feito na região, mas sim pensar no futuro, encontrando formas eficientes de resolver uma situação que tem vindo a arrastar-se.

O acesso ao cais de Malpica do Tejo está em tribunal para que seja decidido se se trata de um caminho público ou privado. A questão não é nova, mas voltou à atualidade, pela recente iniciativa do Município albicastrense.

“Sou um homem de diálogo e é pelo diálogo que acredito que vamos resolver esta situação, porque sabemos que pode arrastar-se por dezenas de anos em tribunal. Fizemos uma reunião com o novo proprietário do terreno, que se mostrou bastante sensível e emprenhado em resolvê-la e ficámos de voltar a reunir no início de setembro, espero que por essa altura já haja alguma vontade para nos entendermos. Se esgotarmos essa possibilidade, teremos de intensificar a luta jurídica”, afirma Leopoldo Rodrigues.

Os caminhos dão acesso a terrenos e habitações, pelo que as populações destas zonas fronteiriças têm vindo a expressar de várias formas um sentimento de injustiça e indignação por se verem privadas de um acesso que tem um impacto significativo na vida quotidiana, não apenas em termos económicos e turísticos. As relações pessoais entre Malpica do Tejo e Herrera de Alcântara, por exemplo, têm vindo a ficar comprometidas. Desde o fim da Guerra da Restauração que se mantêm laços familiares e de amizade entre portugueses e espanhóis, para além de serem promovidos, desde que há memória, vários intercâmbios transfronteiriços. Agora, uma distância de 10 km entre as duas margens do Rio Tejo, transformou-se numa viagem de várias horas e 198 km para conseguirem confraternizar e manter os laços familiares e de amizade.