Esteve patente ao público entre 11 de março a 2 de julho de 2017
Quarto de Espanto é a terceira de um ciclo de três exposições que tiveram lugar em Tavira, Bragança e, agora, em Castelo Branco, e que partilham o mesmo tema, estrutura e objetivo.
Como as anteriores, esta exposição parte de uma seleção de peças da Coleção da Caixa Geral de Depósitos para acolher obras inéditas de um artista convidado e artefactos provenientes dos espólios de cultura material da região anfitriã. Com esta teia de encontros pretende-se não só confrontar a Coleção da CGD com objetos de outros universos e de outras idades, mas sobretudo restituir à arte algo que a atual profusão de imagens e o crescente pendor retórico dos discursos contemporâneos lhe vêm anulando: o seu pleno poder simbólico. A noção de espanto que preside a este ciclo sublinha isso mesmo: a vontade de responder ao presente esgotamento da imagem através da recuperação do enigma do ícone, da reposição do instante mágico que faz do corpo da imagem o lugar de uma passagem para o transcendente. Por outro lado, ele sublinha também a vontade de contrapor à retórica vigente a dúvida e a estranheza, o irracional e a superstição, como meios para o culto de uma espécie de infra intelecto, morada da incerteza e da pulsão. Neste espaço de alternativa esperamos ver despontar o ambíguo e o inominável, esperamos assistir à formação de um território onírico, onde seja possível recuperar e preservar a centelha antiga da surpresa e do supra natural, a matéria de que é feita a expressão confusa, rara e irredutível de um espanto.
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